Ambiência https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br O que está em jogo na nossa relação com o planeta Fri, 03 Dec 2021 21:06:25 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 PL no Senado pode induzir 53 mil km² de desmate com apenas uma obra, diz estudo https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/pl-no-senado-pode-induzir-53-mil-km%c2%b2-de-desmate-com-apenas-uma-obra-diz-estudo/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/pl-no-senado-pode-induzir-53-mil-km%c2%b2-de-desmate-com-apenas-uma-obra-diz-estudo/#respond Tue, 23 Nov 2021 10:57:46 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/Folhapress-320x215.jpg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=1030 Obras planejadas pelo governo federal podem disparar o desmatamento nos próximos anos, caso as condições para o licenciamento ambiental sejam flexibilizadas, como propõe o PL nº 2.159/2021, que tramita no Senado e pode ser votado nesta semana.

O apontamento foi feito em duas notas técnicas produzidas pelo ISA (Instituto Socioambiental) em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Através de modelos matemáticos, elas calculam uma explosão do desmatamento ligado a empreendimentos como a Ferrogrão e a BR-319, exemplos de obras que já são planejadas e devem ser dispensadas de responsabilidade pelo desmatamento caso o projeto da Lei Geral do Licenciamento Ambiental seja aprovado pelo Senado.

A principal preocupação apontada no estudo é a vedação expressa feita pelo projeto de lei a condicionantes para a emissão da licença (como medidas de prevenção, mitigação e compensação de impactos ambientais).

O artigo 13 do projeto de lei, aprovado pela Câmara dos Deputados em maio, veda o estabelecimento de condicionantes ambientais sobre impactos causados por terceiros e sobre os quais o poder público detenha o poder de polícia.

“Como o combate ao desmatamento e demais atividades ilegais na Amazônia consistem em competência – e dever constitucional – inserida no âmbito do poder de polícia estatal, além de ser atividade realizada por ‘terceiros’, decorre que não mais poderão ser objeto de condicionantes ambientais quaisquer medidas para conter o desmatamento decorrente da instalação de empreendimentos de impacto, como estradas, ferrovias, hidrelétricas e outros”, afirma a nota técnica.

O projeto da Ferrogrão, ferrovia que deve ligar municípios produtores de soja a partir de Sinop (MT) até a região portuária de Mirituba (PA), pode gerar “desmatamento de 53.113,5 km² em floresta nativa no interior da bacia sua logística entre os anos de 2019 a 2030”, calcula o estudo.

O motor do desmate seria conversão de áreas de florestas e savana para o uso agrícola, já que 57% da vegetação nativa verificada na bacia logística do projeto ferroviário está em áreas com alta aptidão para o cultivo de soja.

Outra obra analisada pelo estudo é a pavimentação da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO) e pode elevar o desmatamento anual no estado do Amazonas ao patamar de 9,4 mil km² em 2050. Entre 2015 e 2020, o desmate médio anual no estado foi de 1.150 km².

No caso da BR-319, a própria rodovia daria passagem ao desmatamento, facilitando o acesso a áreas preservadas. Cerca de 95% do desmatamento e 85% das queimadas na Amazônia se concentram em uma distância de até 5 km de estradas, diz a nota, a partir de dados publicados em 2014 nas publicações científicas Biological Conservation e International Journal of Wildland Fire.

“Com o asfaltamento e sem medidas controle do desmatamento, as emissões acumuladas de carbono também mais que quadruplicariam em relação ao cenário previsto sem a pavimentação, alcançando 8 bilhões de toneladas – equivalente à emissão de 22 anos de desmatamento na Amazônia Legal com base na taxa de 2019”, diz a nota.

“Ao tornar o licenciamento ambiental exceção e inviabilizar a adoção de condicionantes ambientais para prevenir a supressão ilegal de vegetação, o projeto de lei resultará no aumento do desmatamento da Amazônia Legal em níveis que impedirão o Brasil de cumprir suas metas assumidas no Acordo de Paris”, conclui.

O projeto que tramita no Senado prevê treze dispensas de licenciamento, além da criação de uma licença automática, sem avaliação prévia por parte do órgão ambiental, para a maioria das atividades impactantes para o meio ambiente, classificadas como de “significativo impacto ambiental”.

Apenas a minoria dos empreendimentos, classificados como de “significativo potencial degradador”, passariam pelo licenciamento com avaliação prévia de órgão ambiental.

De acordo com esse critério, 85,6% dos projetos de atividades minerárias e suas barragens em Minas Gerais passariam a obter licença automática, calcula a segunda nota técnica emitida pelo ISA e a UFMG.

“[O projeto de lei] ampliará sobremaneira os riscos de proliferação de novos desastres socioambientais, como as tragédias ocorridas em Mariana (MG) e Brumadinho (MG)”, conclui o estudo.

Relatora do projeto, a senadora Kátia Abreu (PP-TO) confirmou que a matéria pode ir à votação no plenário do Senado nesta semana, mas disse que ainda vai tentar finalizar o texto.

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Com salto de 22%, desmatamento anual na Amazônia atinge patamar de 13.235 km2 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/11/18/com-salto-de-22-desmatamento-anual-na-amazonia-atinge-patamar-de-13-235-km2/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/11/18/com-salto-de-22-desmatamento-anual-na-amazonia-atinge-patamar-de-13-235-km2/#respond Thu, 18 Nov 2021 21:40:31 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/Ibama.jpg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=1019 O desmatamento por corte raso na Amazônia Legal foi de 13.235 km2 entre agosto de 2020 e julho de 2021, segundo a estimativa publicada nesta quinta-feira (18) pelo Prodes, projeto de monitoramento por satélite do desmatamento na Amazônia Legal, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

O crescimento em relação ao período anterior foi de 21,97%, quando o desmate na região havia atingido 10.851 km2. Neste ano, o estado do Pará liderou o ranking de áreas desmatadas no período, com 5.257 km2, seguido por Amazonas (2.347 km2), Mato Grosso (2.263 km2) e Rondônia (1.681 km2).

Diferentemente do que ocorreu em anos anteriores, o governo federal não criou uma agenda para o anúncio dos dados, que foram publicados no site do Inpe, sem ação de divulgação.

Na última quarta (17), uma nota do SindCT, o sindicato dos servidores públicos federais do setor aeroespacial, denunciou a imposição de sigilo da direção do Inpe sobre o resultado da estimativa anual do Prodes. Segundo a nota, a equipe técnica do Inpe havia submetido o relatório ao governo em meados de outubro, mas o sigilo impedia que a tramitação do processo fosse acompanhada pelos servidores.

A assinatura do documento divulgado pelo governo nesta quinta (18) informa a data de 27 de outubro. No último dia 10, em discurso na COP26, a conferência de mudanças climáticas da ONU, o ministro Joaquim Leite (Meio Ambiente), escolheu citar dados do boletim mensal do Deter/Inpe dos meses de julho a setembro.

“O governo mentiu na COP. Usou dados que apresentavam uma leve queda para anunciar que o governo estava no controle e escondeu os dados do Prodes, que desde 2005 são apresentados antes ou durante as COPs”, afirmou João Paulo Capobianco, ex-secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e vice-presidente do Instituto Democracia e Sustentabilidade.

“Este é o Brasil real que o governo Bolsonaro tenta esconder com discursos fantasiosos e ações de greenwashing no exterior”, afirma Mauricio Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil. “O que a realidade mostra é que o governo Bolsonaro acelerou a rota de destruição da Amazônia”.

O comportamento das taxas de desmatamento atuais é similar a períodos anteriores a políticas públicas de controle do desmatamento, como o PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, criado em 2004), que conduziram o cenário do desmatamento mínimo histórico de 4.600 km2 em 2012.

De lá para cá, o desmatamento na região passou a oscilar entre 6.200 km2 e 7.900 km2 até que, de 2018 para 2019, sofreu uma alta de 29%, subindo para um novo patamar de cerca de 10 mil km2. Em 2020, subiu para 10.900 km2 e agora, com o novo salto de quase 22%, vai à casa dos 13.235 km2, similar ao cenário de 2006, quando a área desmatada na Amazônia chegou a 14.300 km2.

Em valores percentuais, no entanto, o crescimento galopante do desmatamento não era observado desde os anos 90 – quando, de 1997 para 1998, subiu 24%.

“Este é o Brasil real que o governo Bolsonaro tenta esconder com discursos fantasiosos e ações de greenwashing no exterior”, afirma Mauricio Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil, através de nota. “O desmatamento na Amazônia já vem impactando o regime de chuvas em todo o Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, causando graves prejuízos à segurança hídrica e alimentar do país”, diz o posicionamento da ONG.

“O resultado é fruto de um esforço persistente, planejado e contínuo de destruição das políticas de proteção ambiental no regime de Jair Bolsonaro. É o triunfo de um projeto cruel que leva a maior floresta tropical do mundo a desaparecer diante dos nossos olhos e torna o Brasil de Bolsonaro uma ameaça climática global”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, através de nota.

“É a terceira alta consecutiva no governo Bolsonaro e também a primeira vez desde o início das medições, em 1988, que a devastação sobe por quatro anos seguidos”, afirma.

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Brasil é o 4º país que mais mata defensores ambientais no mundo https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/09/12/brasil-e-o-4o-pais-que-mais-mata-defensores-ambientais-no-mundo/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/09/12/brasil-e-o-4o-pais-que-mais-mata-defensores-ambientais-no-mundo/#respond Mon, 13 Sep 2021 00:03:40 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/Imagem-de-Ari-na-Terra-Indígena-Uru-Eu-Wau-Wau-que-tem-um-longo-histórico-de-invasão-grilagem-desmatamento-e-ameaças.-Crédito-da-foto_-Gabriel-Uchida_Kanindé-320x215.jpg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=1006 Com 20 assassinatos de ativistas ao longo de 2020, o Brasil ficou em 4º lugar no ranking dos países que mais matam defensores do meio ambiente e do direito à terra. Mais de 70% dos casos do país aconteceu na Amazônia e metade deles teve como alvo povos tradicionais indígenas e ribeirinhos.

No mundo, um terço dos 227 ataques foi contra indígenas – embora eles representem apenas 5% da população global.

No topo do ranking divulgado neste domingo (12) pela ONG Global Witness, estão Colômbia (65 mortes), México (30 mortes) e Filipinas (29 mortes).

O relatório com os dados de 2020 aponta que o setor madeireiro é o mais ligado a assassinatos, com 23 casos, em países como Brasil, Nicarágua, Peru e Filipinas. No México, nove dos trinta ataques estão ligados à extração de madeira.

Com 165 assassinatos no último ano, a América Latina concentra a maior parte (73%) das mortes ligadas a conflitos por território em todo o mundo. A região conta com o Acordo de Escazú, que entrou em vigor em abril com a ratificação de 11 países.

O acordo regional busca garantir a participação pública e o acesso à informação ligados a decisões na área ambiental, como licenciamento de obras de alto impacto. No topo da lista dos países que mais matam defensores ambientais, a Colômbia e o Brasil ainda não ratificaram o acordo.

O relatório também traça uma relação entre o número de ataques e o grau de liberdade cívica em cada país, a partir do monitoramento feito pela iniciativa Civicus, que classifica o Brasil e outros 46 países como espaços em que a liberdade cívica é obstruída.

Segundo o relatório da Global Witness, quase 50 dos 227 assassinatos globais aconteceram em regiões com liberdade cívica obstruída e mais de 150 deles ocorreram onde há repressão – classificação dada a 45 países, a partir da avaliação sobre censura, liberdade de organizar protestos, ataques a jornalistas, entre outros.

Já os 23 países classificados como regimes fechados contam com uma ressalva no relatório: o baixo número de casos pode ser atribuído à subnotificação.

No Brasil, a violência em conflitos por terra no último ano resultou na morte de Celino Fernandes, Wanderson de Jesus Rodrigues Fernandes, Virgínio Tupa Rero Jevy Benites e
Antônio Correia dos Santos.

Os ribeirinhos e indígenas de Nova Olinda do Norte, no interior do Amazonas, foram assassinados em agosto do ano passado em um crime suspeito de abuso policial, investigado pela Polícia Federal. São eles: Josimar Moraes Lopes, Josivan Moraes Lopes, Anderson Barbosa Monteiro, Mateus Cristiano Araújo e Vanderlânia de Souza Araújo.

As mortes de Zezico Rodrigues Guajajara, Ari Uru-Eu-Wau-Wau, Kwaxipuru Kaapor foram registradas em conflitos ligados à extração de madeira. Já a morte do pequeno produtor rural Carlos Augusto Gomes é registrada como um confronto com o setor do agronegócio.

Enfrentamentos ligados à reforma agrária contabilizam quatro dos vinte ataques letais no país: Fernando Ferreira da Rocha, Raimundo Paulino da Silva Filho, Raimundo Nonato Batista Costa e Claudomir Bezerra de Freitas.

As mortes dos indígenas Marcos Yanomami e Original Yanomami, assim como do guarda-parque Damião Cristino de Carvalho Junior, estão ligadas a conflitos envolvendo a atividade de mineração.

Os dados são reunidos anualmente desde 2012. Em 2017, o Brasil chegou a registrar 57 assassinatos e foi o país que mais matou defensores ambientais naquele ano. O número baixou para 20 mortes no país em 2018, mas voltou a subir em 2019, quando houve 24 registros de ataques letais e o país ficou em 3º lugar no ranking mundial. Os dados brasileiros são documentados pela Comissão Pastoral da Terra.

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Em carta, 56 ONGs cobram que MPF retome força-tarefa na Amazônia https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/07/21/em-carta-56-ongs-cobram-que-mpf-retome-forca-tarefa-na-amazonia/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/07/21/em-carta-56-ongs-cobram-que-mpf-retome-forca-tarefa-na-amazonia/#respond Wed, 21 Jul 2021 15:37:52 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/WhatsApp-Image-2020-05-18-at-16.38.47-3.jpeg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=974 “Um sinal de recuo da atuação do MPF no enfrentamento aos crimes e à degradação ambiental”. É assim que a carta de 56 organizações ambientalistas e de direitos humanos descreve o encerramento da Força-Tarefa do Ministério Público Federal na região amazônica.

O texto foi enviado na terça (20) ao procurador-geral da República, Augusto Aras, ao Conselho Superior do Ministério Público Federal e às Câmaras de Coordenação de Meio Ambiente e de Populações Índigenas e Tradicionais.

Encerrada em fevereiro pelo MPF, a Força-Tarefa Amazônia promovia desde agosto de 2018 a coordenação entre seis procuradores dos estados da Amazônia Legal para operações contra crimes ambientais na região e também para reparação de danos, ações de tutela coletiva e controle de políticas públicas.

Sem implicar em custos adicionais, a coordenação havia sido criada para atuar por 18 meses e foi prorrogada por mais um ano, até o início de 2021. No período, a Força-Tarefa realizou 19 operações contra crimes ambientais.

“Como exemplo do seu impacto, as operações Karipuna e Floresta Virtual, realizadas em parceria com Polícia Federal e com o apoio de lideranças indígenas e organizações da sociedade civil resultaram na queda de 40% do desmatamento na terra indígena Karipuna em 2020”, diz a carta, que sugere a retomada da Força-Tarefa ou sua substituição por uma estrutura permanente de coordenação do MPF voltada para a região amazônica.

“Os crimes ambientais na Amazônia não ocorrem de forma isolada. Muitas vezes estão associados a corrupção, lavagem de dinheiro, fraudes, evasão fiscal, formação de milícias e assassinatos. Combater os crimes ambientais é também promover a segurança pública, a integridade das instituições e o próprio Estado de Direito. O MPF tem um papel fundamental nisso”, afirma Renato Morgado,gerente de meio ambiente e clima da Transparência Internacional Brasil, uma das signatárias da carta, junto a organizações como WWF-Brasil, Human Rights Watch, Conectas Direitos Humanos e Instituto Igarapé.

Confira a lista das organizações signatárias da carta:

1. 350.org Brasil
2. Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
3. Associação Brasileira de Agricultores Orgânicos
4. Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida – Apremavi
5. Associação Interamericana para a Defesa do Ambiente – AIDA
6. BVRio
7. Center for Climate Crime Analysis – CCCA
8. Centro de Defesa e Educação Ambiental – CEDEA
9. Centro de Trabalho Indigenista – CTI
10. Coalicion Latinoamericana contra el Fracking por el Clima Água y Vida COESUS
11. Coalizão Não FRACKING Brasil pelo Clima Água e Vida – COESUS
12. Conectas Direitos Humanos
13. CSF-Brasil
14. Ecoa – Ecologia e Ação
15. Força Ação e Defesa Ambiental – FADA
16. Fundação Avina
17. Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável – FBDS
18. GT Infraestrutura19. Hivos – Instituto Humanista para Cooperação e Desenvolvimento
20. Human Rights Watch
21. Instituto 5 Elementos
22. Instituto Amazônia Livre
23. Instituto Brasileiro para a Transição Justa
24. Instituto Carbono Zero
25. Instituto Centro de Vida – ICV
26. Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia – IDESAM
27. Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC
28. Instituto de Pesquisa e Formação Indigena – Iepé
29. Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ
30. Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – IMAZON
31. Instituto Ecológica
32. Instituto Escolhas
33. Instituto Igarapé
34. Instituto Internacional ARAYARA
35. Instituto Internacional de Educação do Brasil – IEB
36. Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN
37. Instituto Socioambiental – ISA
38. International Rivers – Brasil
39. Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais
40. Movimento de Ação Ecológica – MAE
41. Observatório do Carvão Mineral – OCM
42. Observatório do Clima
43. Observatório do Código Florestal
44. Observatório do Petróleo e Gás – OPG
45. Projeto Saúde e Alegria
46. Rede de Cooperação Amazônica – RCA
47. Rede Fé, Paz e Clima
48. Rede GTA
49. Rede Mar Sem Petróleo
50. Rede Pantanal
51. Rede Zero Fósseis Brasil
52. Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS
53. SOS Amazônia
54. Transparência Internacional – Brasil
55. Uma Gota No Oceano
56. WWF-Brasil

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Biden deve barrar importação que desmata a Amazônia, diz plano de ex-oficiais https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/01/29/biden-deve-barrar-importacao-que-desmata-a-amazonia-diz-plano-de-ex-oficiais/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/01/29/biden-deve-barrar-importacao-que-desmata-a-amazonia-diz-plano-de-ex-oficiais/#respond Fri, 29 Jan 2021 22:31:48 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/15693654095d8a9da1b6cda_1569365409_3x2_md.jpg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=891 Um grupo formado por ex-oficiais do governo americano e ex-negociadores-chefes de mudanças climáticas dos Estados Unidos divulgou nesta sexta-feira (29) um plano que deve nortear a política climática do governo Biden.

O documento, entregue na terça (26) à presidência americana e ao enviado especial de clima, John Kerry, apresenta quatro eixos. Dois deles já haviam sido anunciados por Biden: a mobilização de fundos públicos e privados para a conservação de florestas tropicais e a diplomacia ‘robusta’, já em articulação desde a nomeação de Kerry.

Os outros dois eixos apontam para a regulação da importação de commodities com risco de desmatamento, através de regras para o comércio e de transparência das cadeias de fornecimento.

Entre as recomendações, estão a proibição da importação de commodities agrícolas cultivadas em áreas desmatadas ilegalmente, a execução de atos contra prática de corrupção no estrangeiro e o fortalecimento de critérios de governança para florestas tropicais em futuros acordos comerciais.

O plano também aconselha a administração de Biden a obrigar que empresas americanas prestem contas sobre suas cadeias de fornecimento, revelando dados que permitam rastrear e administrar o risco de ligação com o desmatamento.

As medidas voltadas a “harmonizar as políticas comerciais dos Estados Unidos com a política climática para a Amazônia”, como afirma o plano, alinham-se a políticas propostas pela União Europeia, no âmbito do acordo comercial com o Mercosul, e do Reino Unido, que tramita uma legislação semelhante para barrar importações ligadas a desmatamento.

No entanto, a abordagem frustra expectativas do governo brasileiro. A aposta do alto escalão do Ministério da Agricultura era de que os Estados Unidos manteriam as pautas separadas, como mostrou o blog na última semana.

O plano entregue a Biden também faz recomendações específicas sobre a relação dos Estados Unidos com o governo brasileiro.

“A administração deve atuar de forma decisiva para reduzir a demanda global por bens que impulsionam o desmatamento ilegal e danos ao clima. É legítimo e razoável considerar o desempenho do Brasil em relação a essas prioridades ao se ponderar sobre políticas dos Estados Unidos relacionadas ao Brasil, incluindo a adesão à OCDE, futuras vendas militares, novos acordos comerciais e mais. A administração também pode se envolver de forma construtiva com governos subnacionais brasileiros, empresas e sociedade civil, de acordo com os Estados Unidos e a legislação brasileira”, diz o documento.

Ainda que tenha sido enviado como uma sugestão externa, o plano já foi elogiado por líderes europeus – como os ministros de meio ambiente da Alemanha e da Noruega – e é visto como o primeiro desenho da política climática de Biden. Isso porque o documento é assinado por nomes de grande influência em Washington e que lideraram políticas climáticas tanto em governos republicanos quanto em democratas. Em carta, eles também prometem ajudar o novo presidente a viabilizar as propostas através de articulações com o Congresso americano.

Assinam o documento Todd Stern, negociador-chefe do governo Obama para mudanças climáticas no Acordo de Paris e negociador sênior no governo Clinton no Protocolo de Kyoto; Tim Wirth, subsecretário de Estado para Assuntos Globais no governo Clinton, negociador-chefe para mudanças climáticas no Protocolo de Kyoto;
William Reilly, chefe da Agência de Proteção Ambiental no governo Bush, ex-presidente do World Wildlife Fund; Bruce Babbitt, ex-secretário do Interior no governo Clinton; Christine Whitman, chefe da Agência de Proteção Ambiental no governo Bush; Stuart Eizenstat, ex-embaixador na União Europeia; Frank Loy, subsecretário de Estado para Assuntos Globais e negociador-chefe para mudanças climáticas no governo Clinton (1998-2001).

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Fundo estrangeiro rebate Mourão, vê diálogo ‘vazio’ e cobra política ambiental https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/01/27/fundo-estrangeiro-rebate-mourao-ve-dialogo-vazio-e-cobra-politica-ambiental/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/01/27/fundo-estrangeiro-rebate-mourao-ve-dialogo-vazio-e-cobra-politica-ambiental/#respond Wed, 27 Jan 2021 22:16:05 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/mourao-320x215.jpg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=884 “O setor privado sozinho não vai resolver os desafios climáticos”, afirma Eric Pedersen, diretor de investimentos responsáveis do Nordea Asset Management, fundo dos países escandinavos – Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia.

“Os governos, no mínimo, devem fornecer uma estrutura regulatória para encorajar práticas corporativas sustentáveis”, ele pontua.

Em entrevista ao blog, Pedersen rebateu as afirmações feitas pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que se pronunciou nesta quarta (27) durante o Fórum Econômico Mundial.

“É crucial que o setor privado tome a dianteira no financiamento de pesquisas e programas científicos para a região. Governos, especialmente no cenário de economia pós-pandêmica, não terão superávits disponíveis para direcionar grandes quantias para este tipo de atividades”, disse o vice-presidente no painel “Financiando a transição da Amazônia para uma bioeconomia sustentável”.

Segundo Pedersen, somente a aplicação robusta e consequente de políticas sociais e ambientais “garantirão acesso eficiente e sustentável aos mercados financeiros no longo prazo”.

“Políticas de combate ao desmatamento e proteção aos direitos humanos, com consequências reais para os atores econômicos que não as cumprem, são fundamentais para o gerenciamento dos riscos financeiros enfrentados pelos investidores que agem de boa fé”, conclui o diretor do Nordea.

O fundo dos países escandinavos está presente em 19 países e administrou em 2019 o total de € 554,8 bilhões (R$ 2,9 trilhões).

Desde que o governo Bolsonaro passou a flexibilizar as políticas de controle ambiental, ainda em 2019, o fundo deixou de adquirir títulos da dívida soberana do país e mantém em quarentena os ativos adquiridos anteriormente.

No entanto, após mais de seis meses de diálogo direto com Mourão sem resultados práticos no controle do desmatamento, os investidores passaram a expressar cansaço e descrença.

“Se esse é um diálogo que pode seguir eternamente sem haver consequência, ele se torna vazio”, afirma Pedersen. “Nós não vamos seguir assim indefinidamente se não vermos nenhum progresso”.

Em 2020, o desmatamento na Amazônia subiu 9,5% em relação ao ano anterior, quando já havia batido um recorde, tendo disparado em 34% na transição dos governos Temer e Bolsonaro. Ao longo do último ano, nenhuma nova multa ambiental foi cobrada pelo governo federal.

Além do fundo Nordea, outros 34 fundos de investimento, representando mais de US$4,6 trilhões (R$ 24,8 trilhões) têm cobrado conjuntamente o governo brasileiro pelos resultados ambientais, sob coordenação do Storebrand Asset Management. A iniciativa deve buscar diálogo com outros países com desafios no controle do desmatamento, como a Indonésia.

Os investidores citam a proximidade do ponto de não-retorno no desmatamento na Amazônia, alertado por cientistas, e frisam que a preocupação é com o risco financeiro. “Se a gestão dos recursos naturais é tal que talvez em 20, 30 anos tudo vai virar pó, isso pode ameaçar a capacidade de um país pagar a dívida”, afirma Pedersen.

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Sem Trump, mundo volta a encarar a verdade inconveniente do clima https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/11/07/sem-trump-mundo-volta-a-encarar-a-verdade-inconveniente-do-clima/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/11/07/sem-trump-mundo-volta-a-encarar-a-verdade-inconveniente-do-clima/#respond Sat, 07 Nov 2020 22:09:13 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/WhatsApp-Image-2019-09-20-at-17.14.13-1-320x215.jpeg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=863 ANÁLISE – Líderes globais fizeram de tudo no âmbito político para compensar a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris. No entanto, não puderam conter o contágio das posturas trumpistas em países-chave para o combate às mudanças climáticas, especialmente no Brasil.

Apoiados por condições tecnológicas e mercadológicas que sopram a favor da transição energética, líderes globais buscaram dar o recado de que o mundo seguiria a rota traçada por Paris e que, se os Estados Unidos de Trump não quisessem encarar o desafio, a China estaria pronta para assumir a posição de liderança global, assim como a Alemanha de Merkel e a França de Macron.

No entanto, a ausência americana não só enfraqueceu os esforços de cooperação e de financiamento das ações climáticas, como também deixou blocos de países conservadores na agenda do clima mais confortáveis para bloquear entendimentos e até para negar a ciência climática.

Em 2018, o relatório do IPCC (painel científico da ONU sobre clima) entregue à Conferência do Clima da ONU foi combatido por diplomatas de diversos países e quase deixou de ser citado entre os documentos assinados na conferência, após revelar verdades ainda mais inconvenientes: o mundo precisaria se esforçar de três a cinco vezes mais do que o combinado no Acordo de Paris para vencer as consequências mais desastrosas do clima.

Temos uma década para cortar as emissões de carbono pela metade, segundo o relatório que o IPCC levou para a conferência de 2018.

O prazo apertado, mas tecnicamente viável, pode desacelerar as mudanças climáticas em curso, evitando, por exemplo, que os países-ilha sumam do mapa e que o Nordeste brasileiro vire um deserto.

Naquela reunião, os Estados Unidos, país que mais emitiu carbono em toda a história, já eram representados por um governo negacionista da ciência climática, enquanto o Brasil, detentor da maior floresta tropical do mundo, acabava de eleger a versão tropical de Trump como presidente.

Sem poder contar com os Estados Unidos e com o Brasil, a conta para resolver o maior desafio que a humanidade já encarou ficava ainda mais cara e talvez impagável para o restante dos países.

Com a derrota de Trump nesta eleição, o mundo começa se ver livre do fenômeno do negacionismo no poder.

Mais importante do que a vitória de Biden é a derrota de Trump e, com ela, o aniquilamento da negação da ciência e de falsas dicotomias entre desenvolvimento e conservação ambiental ou entre o Acordo de Paris e a geração de empregos – a que Biden responde com o plano de revolução de energia limpa, criando empregos no setor de renováveis.

As inspirações políticas que o trumpismo impulsionou mundo afora também perdem força. E líderes que se sentiam à vontade para cruzar limites da civilidade voltam a se ver comprometidos com algum pragmatismo – minimamente, o das urnas.

No entanto, ainda não podemos dar como certo um efeito dominó da eleição americana sobre a política ambiental brasileira. É possível que Bolsonaro resista a mudar o tom e tente se aventurar por saídas impróprias ou até autoritárias.

As declarações de Biden se dispondo a levantar recursos para a conservação da Amazônia soam como as do presidente francês Emmanuel Macron e são vistas pelo bolsonarismo como um atentado à soberania do país, alimentando teorias da conspiração de que o mundo teria interesse na internacionalização da Amazônia.

Até aqui, o governo Bolsonaro não tem respondido pragmaticamente a sinais importantes de países importadores de commodities brasileiras, como a China e a União Europeia, nem mesmo de investidores estrangeiros que ameaçaram deixar de investir no país caso as taxas de desmatamento da Amazônia continuassem descontroladas.

Agora, a pressão da comunidade internacional pelo controle do desmatamento da Amazônia pode ter mais chances de fazer efeito, já que Bolsonaro deixa de contar com a esperança de alguma parceria salvadora com os Estados Unidos.

Vale lembrar que o bioma é fundamental para a regulação do clima global e o desmate descontrolado o aproxima do ponto de não-retorno, a partir de quando a floresta não consegue mais se regenerar e tende a virar savana.

A verdade da ciência climática não é tão inconveniente para o Brasil. O mundo está disposto a pagar pelos benefícios de um recurso valioso do Brasil e que, enquanto conservado, continua sendo nosso. Mas, para entender que a crise oferece oportunidades de lucros e de liderança ao Brasil, o país ainda precisará se livrar das fake news e conspirações alimentadas pelo nosso Trump tropical.

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Mídia estrangeira sobre Amazônia e Pantanal cresce 192% e aponta crise de reputação do país https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/11/07/midia-estrangeira-sobre-amazonia-e-pantanal-cresce-192-e-aponta-crise-de-reputacao-do-pais/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/11/07/midia-estrangeira-sobre-amazonia-e-pantanal-cresce-192-e-aponta-crise-de-reputacao-do-pais/#respond Sat, 07 Nov 2020 08:09:25 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/Ibama.jpg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=861 Vulnerável, incompetente e irresponsável. É assim que o Brasil foi visto pelo mundo entre julho e setembro, quando a cobertura internacional sobre a devastação ambiental no país cresceu 192% em relação ao trimestre anterior.

A conclusão é de um estudo conduzido pela consultoria especializada em reputação e imagem Curado e Associados, a partir das publicações de sete veículos internacionais: The New York Times e The Washington Post (Estados Unidos), The Guardian e The Economist (Inglaterra), El País (Espanha), Le Monde (França), e Der Spiegel (Alemanha).

Juntos, os veículos publicaram 79 registros sobre a devastação ambiental no país entre julho e setembro, contra apenas 27 entre abril e junho.

Além do aumento de visibilidade, uma avaliação qualitativa também mostra a consolidação da imagem negativa do país ao longo do ano, consolidando uma crise de reputação. Em uma escala de +5 a -5, o índice de imagem iVGR (índice de Valor, Gestão e Relacionamento) passou de -3,66 no período anterior para – 3,73 no último trimestre.

“Em termos de qualificação de imagem, nota-se que o atributo ‘irresponsável’ – a essência de uma crise ética – tem cerca de 20% de percepção nos três trimestres de 2020. ‘Vulnerável’ e ‘incompetente’ – atributos que denotam a falência da gestão do governo – somam 56% no terceiro trimestre, aumento de cinco pontos em relação ao segundo trimestre, mas em nível bem próximo”, diz o estudo.

Além da cobertura constante sobre o desmatamento da Amazônia, a atenção da mídia internacional foi tomada pelos incêndios no Pantanal, especialmente pelas imagens dos animais afetados pelo fogo, como também pelos anúncios de investidores estrangeiros que ameaçaram cortar investimentos no país por conta da crise ambiental e, ainda, pelo discurso do presidente Jair Bolsonaro na ONU – quando ele alegou que o país seria “vítima de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal”.

“A percepção internacional é a de que a destruição ambiental é patrocinada por interesses comerciais, com apoio do próprio governo brasileiro”, diz o estudo, destacando como exemplo um trecho da publicação alemã Der Spiegel de 15 de setembro: “a nova grilagem de terras é apoiada pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que tem incentivado repetidamente a exploração da Amazônia”.

O estudo também cita outros registros negativos na mídia internacional sobre o Brasil, com destaques sobre a gestão frente à pandemia do coronavírus e o desempenho econômico do país. O trimestre ainda rendeu 18 registros negativos nos maiores jornais internacionais sobre ataques à democracia no Brasil.

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‘Pena que não inclui áreas mais atingidas’, diz embaixadora sobre viagem com Mourão à Amazônia https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/11/04/pena-que-nao-inclui-areas-mais-atingidas-diz-embaixadora-sobre-viagem-com-mourao-a-amazonia/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/11/04/pena-que-nao-inclui-areas-mais-atingidas-diz-embaixadora-sobre-viagem-com-mourao-a-amazonia/#respond Wed, 04 Nov 2020 19:28:57 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/mourao-320x215.jpg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=855 “É uma pena que a visita não inclui áreas mais atingidas [por desmatamento e queimadas]”, afirmou ao blog a embaixadora interina do Reino Unido no Brasil, Liz Davidson. Ela integra a comitiva de embaixadores que visitam a Amazônia a convite do vice-presidente da República e presidente do Conselho da Amazônia, Hamilton Mourão.

Iniciada nesta quarta (4), a viagem vai até sexta-feira (6) e foi proposta por Mourão em resposta a uma carta enviada por embaixadores europeus em setembro. Eles pediam “ações reais imediatas” contra o desmatamento e afirmavam ser “cada vez mais difícil” para empresas e investidores atender a critérios ambientais nas relações com o Brasil.

A viagem concentra visitas em projetos militares, em Manaus e São Gabriel da Cachoeira, ambos no Amazonas, como o zoológico do Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs), o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), o Projeto Integrado de Colonização Bela Vista para o Comando Militar da Amazônia (CMA), o 5º Pelotão de Fronteira de Maturacá e até a formatura da 2ª Brigada de Infantaria de Selva.

Os embaixadores também devem visitar a superintendência da Polícia Federal, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC) e uma casa de apoio à saúde indígena. O roteiro ainda inclui um passeio turístico em Manaus, no encontro das águas dos rios Negro e Solimões.

Segundo Davidson, o diálogo do governo brasileiro sobre o desmatamento da Amazônia tem avançado. “Na última reunião que tivemos [com Mourão], foi diferente. Houve um reconhecimento do problema, da aceleração do desmatamento de 2019 para cá e a apresentação de metas de redução no desmate até 2023”, afirmou.

“No entanto, falta um plano de longo prazo confirmando a meta de zerar o desmatamento até 2030, que foi indicada pelo Brasil na sua NDC [contribuição nacionalmente determinada, na sigla em inglês, no âmbito do Acordo de Paris]”, concluiu a embaixadora.

Entre os europeus, participam da viagem representantes da Alemanha, Espanha, França, Suécia, Reino Unido, Portugal e também o chefe da União Europeia. A Noruega não aceitou o convite. Não foram convidados diplomatas da Dinamarca, Bélgica, Itália e Países Baixos, que também haviam assinada a carta publicada pelo blog. Por outro lado, Mourão estendeu o convite para embaixadores da África do Sul, do Peru, da Colômbia e do Canadá, que integram o grupo.

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Grandes fazendas concentraram 72% do fogo de áreas críticas da Amazônia em 2019 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/09/23/grandes-fazendas-concentraram-72-do-fogo-de-hotspots-da-amazonia-em-2019/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/09/23/grandes-fazendas-concentraram-72-do-fogo-de-hotspots-da-amazonia-em-2019/#respond Wed, 23 Sep 2020 10:15:57 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/desm-e-fogo-2019-320x215.png https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=814 Propriedades rurais de médio e grande porte respondem por 72% dos focos de calor ocorridos em 2019 nas quatro maiores áreas críticas – os ‘hotspots’ – da Amazônia.

A conclusão é do projeto Cortina de Fumaça, lançado nesta quarta-feira (23) pela Ambiental Media em parceria com o Pulitzer Center, através do Rainforest Journalism Fund.

Grandes e médias fazendas respondem por 72% do fogo nos 4 maiores hotspots da Amazônia. (Imagem: Laura Kurtzberg/Ambiental Media)

O trabalho cruzou dados oficiais públicos de desmatamento e queimadas, monitorados pelo Inpe, com o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que reúne declarações de proprietários rurais sobre a área de seus imóveis.

Os quatro maiores ‘hotspots’ do desmatamento –Altamira (PA), São Félix do Xingu (PA), Porto Velho (RO) e Lábrea (AM)– foram responsáveis por 17,5% do desmatamento na Amazônia Legal ocorrido entre agosto de 2018 e julho de 2019. Eles também encabeçam a lista dos municípios com mais focos de calor no ano de 2019, segundo o Banco de Dados de Queimadas do Inpe.

Mapa sobrepõe dados e mostra coincidência de municípios com mais desmatamento (escala do preto ao branco) e queimadas (escala do preto ao vermelho). (Imagem: Laura Kurtzberg/Ambiental Media)

A abordagem dos municípios no topo dos rankings do desmatamento e de queimadas mostra uma concentração dessas atividades em grandes propriedades, diferentemente do que apontou o presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU na terça-feira (22), ao culpar índios e caboclos pelas queimadas na Amazônia.

Quando considerada toda a Amazônia Legal, as parcelas de responsabilidade pelas queimadas ficam mais distribuídas: 50% das queimadas aconteceram em fazendas médias e grandes no primeiro semestre de 2020 e apenas 10% em pequenas propriedades, segundo nota técnica do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).

Assentamentos rurais e terras indígenas respondem, respectivamente, por 11% e 12% das queimadas nesse período, enquanto outros 8% dos focos de calor ocorrem em terras públicas não destinadas, o que sinaliza grilagem.

“Esses números demonstram como o fogo é ainda amplamente utilizado no manejo de pastos e áreas agrícolas, independentemente do tamanho do imóvel ou do lote”, diz a nota do Ipam.

O cruzamento de dados do Inpe também mostra, através de mapas de desmatamento e queimadas, a sobreposição da ocorrência de focos de calor nas mesmas áreas que sofreram desmate.

Os mapas confirmam a relação das queimadas com o ciclo de desmatamento, em que o fogo é usado para queimar a vegetação derrubada, liberando o terreno desmatado.

Áreas desmatadas em 2018-19 coincidem com focos de queimadas em 2019. (Imagem: Laura Kurtzberg/Ambiental Media)

Segundo nota técnica do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), a proporção do fogo ligado a desmatamento mais que dobrou no último ano, chegando a responder por 34% das causas de focos de calor, em relação aos anos de 2016 e 2017, quando era 15% do total.

Ainda em 2019, as atividades agropecuárias responderam por 36% dos focos de calor registrados. Já os incêndios florestais – que no bioma amazônico são causados pela expansão do fogo vindo do desmatamento ou da agropecuária – responderam por 30% da área queimada no período.

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