Ambiência https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br O que está em jogo na nossa relação com o planeta Fri, 03 Dec 2021 21:06:25 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Mundo ainda pode limitar crise do clima com ações imediatas, mostra IPCC https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/08/09/mundo-ainda-pode-limitar-crise-do-clima-com-acoes-imediatas-mostra-ipcc/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/08/09/mundo-ainda-pode-limitar-crise-do-clima-com-acoes-imediatas-mostra-ipcc/#respond Mon, 09 Aug 2021 08:19:30 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/globo-320x215.png https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=980 Novos cenários do futuro do clima revelam caminhos mais estreitos para conter o aquecimento global. O mundo deve começar a derrubar as emissões de gases-estufa a partir de agora para garantir o cenário mais seguro, com aquecimento global limitado a 1,5ºC – meta que evitaria as consequências mais desastrosas das mudanças climáticas e vem sendo usada como baliza para os anúncios de compromissos de líderes globais.

O orçamento atual – ou o quanto ainda se pode emitir – é de 300 gigatoneladas de gás carbônico (principal causador do aquecimento global).

Caso consiga se manter dentro desse limite nas próximas décadas, o mundo terá 83% de chances de conter o aquecimento global entre 1,5ºC e 1,9ºC. O acumulado histórico de emissões de carbono é de 2390 gigatoneladas, de 1850 a 2019. Só em 2020, o mundo emitiu outras 34 gigatoneladas.

As projeções são do novo relatório do IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental de Mudança do Clima da ONU) divulgado nesta segunda (9). Ele traz uma revisão da base da ciência física do clima e foi aprovado na última sexta pelos 195 países que compõem o painel científico da ONU. 

O relatório traçou cinco cenários para a trajetória de emissões de gases-estufa e o consequente aumento da temperatura global.

Orçamento de carbono define avanço da temperatura global

IPCC traça cinco cenários de emissões de carbono e seus impactos na temperatura do planeta. (Imagem: IPCC)

Nos dois primeiros cenários, as emissões começam a cair imediatamente e garantem trajetórias próximas na limitação do aquecimento, que chegariam ao final do século em torno de 1,4 ºC no cenário de redução mais drástica de emissões e próximo de 1,8 ºC no segundo cenário de queda imediata, mas mais lenta, das emissões.

No cenário intermediário, as emissões atingem o pico por volta de 2040 e levaria um aquecimento próximo de 3ºC até o fim do século.

Nos últimos dois cenários, as emissões seguem subindo nas próximas décadas e levam a um aumento da temperatura média global de 3,7ºC e 4,4ºC até o fim do século.

O relatório também detalha de forma inédita o papel de outros gases-estufa no aumento da temperatura. Depois do protagonista carbono – que sozinho responde pelo acréscimo de quase 1ºC na temperatura do planeta entre 2010 e 2019, comparado ao período anterior a 1900 – o segundo gás que mais afeta o clima planetário é o metano. No mesmo período, o gás respondeu pelo aquecimento global de 0,5 ºC. 

“A vantagem do metano é que ele tem uma meia-vida curta, então qualquer redução de emissão tem um impacto em curto prazo no sistema climático global”, diz o físico Paulo Artaxo, professor da Universidade de São Paulo e membro do IPCC.

Segundo Artaxo, enquanto o gás carbônico tem meia-vida de milhares de anos (tempo necessário para que metade do número de átomos comece a se desintegrar), a do metano é de apenas onze anos. Ou seja, os efeitos da redução das emissões de metano podem ser percebidos no clima em um prazo mais curto.

O metano é emitido pelo setor agropecuário, principalmente por conta da fermentação entérica dos bovinos, e também pelo uso de fertilizantes nitrogenados, segundo dados da Embrapa. Como maior exportador de carne bovina do mundo, Brasil é um dos países mais desafiados no corte de emissões de metano.

Outra fonte de emissão do metano está em vazamentos que ocorrem na exploração de gás natural. “Essas emissões estão aumentando mais rapidamente, porque as termelétricas a carvão e a óleo estão sendo substituídas por gás natural, que tem eficiência energética maior. Com isso, há mais vazamentos e mais concentração atmosférica de metano”, diz Artaxo.

O estudo também quantificou a contribuição de poluentes como material particulado, monóxido de carbono e orgânicos voláteis para o aumento da temperatura global, assim como o efeito contrário: substâncias aerossóis contribuíram no sentido de esfriamento da atmosfera global – no caso do dióxido de enxofre, o impacto de esfriamento foi de 0,5ºC. No balanço, os gases que causam o efeito estufa mostram quantidades e efeitos mais amplos. A temperatura global atual  já é 1,1 ºC superior em relação ao período anterior a 1900.

A conta também mostra a contribuição humana para esse saldo: 1,07ºC do aquecimento se deve a gases emitidos por atividades humanas. O reforço de dados levou a uma linguagem ainda mais firme para definir a responsabilidade humana pela crise climática. Nos relatórios anteriores, essa relação era descrita como “muito provável”, clasifficação que indica probabilidade de 90 a 95%. No texto divulgado nesta segunda (9), a atribuição da mudança do clima às atividades humanas é dada como “virtualmente certa”, com probabilidade de 99% a 100%.

“Não é mais um debate sobre se as ações humanas dão causa à crise climática, mas do quanto. E o quanto, estimado pela primeira vez é estarrecedor”, diz Stela Herschmann, especialista em política climática do Observatório do Clima. “Além do mais, apesar de dizer que a chance de 1,5°C ainda existe, o documento também mostra que a janela para isso é estreita, e não comporta governos negacionistas”, conclui.

“Nossa oportunidade de evitar impactos ainda mais catastróficos tem uma data de validade. O relatório sugere que esta década é nossa última chance de adotar as medidas necessárias para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C. Se falharmos coletivamente em reduzir de forma rápida as emissões de gases de efeito estufa até o fim da década, essa meta ficará fora de alcance”, diz a vice presidente de Clima e Economia da ONG World Resources Institute (WRI), Helen Mountford.

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O dia depois de amanhã deve ter um preço para o carbono https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/04/22/o-dia-depois-de-amanha-deve-ter-um-preco-para-o-carbono/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/04/22/o-dia-depois-de-amanha-deve-ter-um-preco-para-o-carbono/#respond Thu, 22 Apr 2021 23:24:13 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/Folhapress-320x215.jpg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=933 Os anúncios dos Estados Unidos, União Europeia, Japão e Canadá de que devem cortar cerca de metade das suas emissões de carbono até 2030 sinalizam ao mundo uma guinada na trajetória do clima global. As lições de casa dos países para que isso aconteça, no entanto, devem ser drásticas e começam literalmente no dia depois de amanhã.

Assim que for encerrada a Cúpula do Clima, na sexta (23), o restante do mundo já deve começar a cobrar dos países desenvolvidos os meios de implementação para a transição energética, que eles prometem financiar.

A coerência dos países ricos também será mais fiscalizada. O que antes era uma ponte avançada entre a política climática e as relações comerciais, passa agora a ser cobrado como um item básico do compromisso com o clima: o comércio global deve ser condicionado a critérios de sustentabilidade.

Para entender o anúncio das nações mais desenvolvidas do mundo, é preciso enxergar a estratégia geopolítica da pauta climática, sem reduzi-la a filantropia, publicidade ou reputação. O que a Cúpula do Clima aponta é uma reconfiguração da agenda global, em que o carbono se encaixa entre os eixos centrais.

É com essa movimentação que a desconfiança global, que pautava anúncios de metas tímidas e duvidosas no último dezembro, dá lugar à confiança para os compromissos de cortar as emissões pela metade até 2030, mesmo que a China se mantenha firme na posição de atingir o pico das suas emissões somente no fim da década.

Biden certamente não prevê ser atropelado por um crescimento chinês baseado em energias fósseis. O plano é torná-las inviáveis, deixando em atraso os países que optam por adiar a transição.

Se, por um lado, não há previsão de sanções comerciais por questões ambientais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), os acordos bilaterais oferecem um caminho mais provável para que os países ricos associem suas metas climáticas à taxação de carbono, inibindo a importação de produtos ligados a combustíveis fósseis ou a desmatamento.

Além de desencadear a tendência da economia de baixo carbono no resto do mundo, a medida impediria a responsabilização desses países por emissões de carbono ‘compradas’ no exterior.

Embora a palavra “taxação” possa assustar um mercado global ainda dependente de energias fósseis, esse direcionamento pode ser fundamental para uma retomada econômica irrigada pelo desafio climático e que pode ganhar escalas para novos padrões até 2030.

Ela também pode ser o ‘chicote’ necessário para evitar uma espécie de “queima de estoque” promovida pelos setores dos combustíveis fósseis nos territórios onde eles seguirão liberados, especialmente em economias emergentes, como China, Rússia, Índia e Brasil.

Neste cenário, o Brasil ficará prejudicado até o fim de 2022, já que o projeto antiambiental do governo Bolsonaro ainda vai falar mais alto ao mundo do a nova encenação discursiva.

A chance de o país recuperar seu protagonismo ambiental nos próximos anos fica por conta da capacidade de outros atores – como empresas, ONGS, universidades e governos locais – para articular parcerias diretas com as fontes de financiamento nos Estados Unidos e na Europa. Uma saída resiliente que foi usada pelos americanos nos anos Trump e tem sido testada desde a eleição de Bolsonaro por aqui.

Botar um preço no carbono também implica na oferta de cenouras, tanto com incentivos fiscais aos setores menos poluentes, como pela valorização desses investimentos no mercado financeiro.

Se o carbono jogado na atmosfera vira um custo, os gases capturados de volta para o solo podem ser ativos negociados como títulos verdes no mercado. A busca de títulos sustentáveis, assim como o uso dos critérios ESG (ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês) e ainda a inclusão dos riscos climáticos na avaliação dos investimentos consolida no mundo financeiro uma visão bastante pragmática sobre as mudanças climáticas, cujo avanço gera incertezas incompatíveis com a busca de retorno financeiro.

Com a aproximação dos prazos e dos limites planetários, a conservação ambiental se revela garantidora do crescimento econômico, em vez de uma limitante. A alavanca deste momento para a economia global pode estar justamente na mobilização de recursos para fazer frente ao desafio climático.

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Dalai Lama e 100 vencedores do Nobel pedem fim do petróleo, carvão e gás https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/04/21/dalai-lama-e-100-vencedores-do-nobel-pedem-fim-do-petroleo-carvao-e-gas/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/04/21/dalai-lama-e-100-vencedores-do-nobel-pedem-fim-do-petroleo-carvao-e-gas/#respond Wed, 21 Apr 2021 13:01:30 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/WhatsApp-Image-2019-09-20-at-17.14.13-1-320x215.jpeg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=928 Em carta aberta aos líderes globais que se reúnem na quinta (22) na Cúpula do Clima, organizada de forma online pelos Estados Unidos, 101 ganhadores de prêmios Nobel pedem que os compromissos anunciados pelos países incluam ações para o fim da expansão dos combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás, que são a principal fonte de gases causadores do aquecimento global.

Entre os signatários da carta estão Dalai Lama, ganhador do Nobel da Paz em 1989, Muhammad Yunus, fundador do Grameen Bank e ganhador do Nobel da Paz em 2006, Rigoberta Menchú Tum, ativista pelos direitos humanos na Guatemala e ganhadora do Nobel da Paz em 1992, e Adolfo Pérez Esquivel, ativista argentino pelos direitos humanos e ganhador do Nobel da Paz em 1980.

“A indústria de combustíveis fósseis segue planejando novos projetos, que os bancos continuam a financiar. De acordo com o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, até 2030 serão produzidos 120% a mais de carvão, petróleo e gás do que é compatível com a limitação do aquecimento global a 1,5°C”, diz a carta, que pede o fim da expansão dos combustíveis fósseis, a eliminação da produção existente e um plano de transição global para energias renováveis.

As assinaturas dos prêmios Nobel foram articuladas pela iniciativa Tratado de Não-Proliferação de Combustíveis Fósseis, com o apoio de 350.org e outras ONGs.

Leia abaixo a íntegra da carta.

Declaração dos ganhadores do Prêmio Nobel aos líderes mundiais participantes da Cúpula do Clima

Deixem os combustíveis fósseis debaixo da terra

Como ganhadores do Prêmio Nobel da Paz, Literatura, Medicina, Física e Economia, e assim como tantas pessoas no mundo inteiro, nos sentimos tomados pela grande questão moral do nosso tempo: a crise climática e a consequente destruição da natureza.

As mudanças climáticas ameaçam centenas de milhões de vidas, assim como os meios de subsistência em todos os continentes, e põem em perigo milhares de espécies. A queima de combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás – é, de longe, a principal causa para a mudança climática.

Neste 21 de abril, véspera do Dia da Terra e da Cúpula do Clima, organizada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nos dirigimos aos líderes mundiais para instá-los a agir imediatamente para frear a expansão do petróleo, gás e carvão e, assim, evitar uma catástrofe climática.

Acolhemos o reconhecimento do Presidente Biden e do governo dos EUA, em sua Ordem Executiva, de que “juntos, devemos ouvir a ciência e estar à altura do atual momento”. De fato, estar à altura deste momento significa exigir respostas à crise climática que definirão nossos legados – e os requisitos para estar do lado certo da História são claros.

Por muito tempo, os governos ficaram escandalosamente aquém do que a ciência exige e do que um movimento popular poderoso e crescente já sabe: precisamos urgentemente de ações para pôr fim à expansão da produção de combustíveis fósseis, eliminar gradualmente a produção já instalada e investir em energias renováveis.

A queima de combustíveis fósseis é responsável por quase 80% das emissões de dióxido de carbono desde a Revolução Industrial. Além de esses combustíveis serem as principais fontes de emissões, seu processo de extração, refino, transporte e queima provoca poluição e eleva os custos ambientais e de saúde, que são, muitas vezes, pagos pelos povos indígenas e pelas comunidades marginalizadas. Práticas industriais chocantes também levaram a violações dos direitos humanos e a um sistema atrelado aos combustíveis fósseis que deixou bilhões de pessoas em todo o mundo sem energia suficiente para viver dignamente.

Tanto pelas pessoas quanto pelo planeta, é necessário apoiar continuamente os esforços para enfrentar as mudanças climáticas, por meio da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e do Acordo de Paris. O descumprimento do limite de aumento de temperatura definido no Acordo de Paris, de 1,5°C, traz o risco de que o mundo seja empurrado rumo a um aquecimento global catastrófico.

Entretanto, o Acordo de Paris não menciona petróleo, gás ou carvão. Enquanto isso, a indústria de combustíveis fósseis segue planejando novos projetos, que os bancos continuam a financiar. De acordo com o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, até 2030 serão produzidos 120% a mais de carvão, petróleo e gás do que é compatível com a limitação do aquecimento global a 1,5°C. Os esforços para respeitar o Acordo de Paris e reduzir a demanda por combustíveis fósseis serão prejudicados se a oferta continuar a crescer.

A solução é clara: os combustíveis fósseis têm que ficar debaixo da terra.

Os líderes globais, e não a indústria de combustíveis fósseis, detêm o poder e a responsabilidade moral de tomar ações ousadas para enfrentar esta crise. Apelamos a essas lideranças para que trabalhem juntas, em espírito de cooperação, com o objetivo de:

● Acabar com a expansão da produção de petróleo, gás e carvão, em linha com os melhores dados científicos disponíveis, conforme definido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA);

● Eliminar a produção existente de petróleo, gás e carvão de uma maneira justa e equitativa, considerando as responsabilidades dos países pelas mudanças climáticas, sua respectiva dependência de combustíveis fósseis e sua capacidade de transição;

● Investir em um plano de transição que garanta 100% de acesso à energia renovável globalmente, apoie as economias dependentes para que diversifiquem sua produção e se afastem dos combustíveis fósseis e possibilite às pessoas e comunidades de todo o mundo prosperarem por meio de uma transição global justa.

Os combustíveis fósseis são a principal causa das mudanças climáticas. Permitir a expansão contínua desse setor é inaceitável. O sistema de combustíveis fósseis é global e requer uma solução global – uma solução em que a Cúpula dos Líderes do Clima deve trabalhar. E o primeiro passo consiste em manter os combustíveis fósseis debaixo da terra.

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Isolar Bolsonaro deve ser parte da agenda climática de Biden https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/01/20/isolar-bolsonaro-deve-ser-parte-da-agenda-climatica-de-biden/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2021/01/20/isolar-bolsonaro-deve-ser-parte-da-agenda-climatica-de-biden/#respond Wed, 20 Jan 2021 21:22:50 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/WhatsApp-Image-2019-09-20-at-17.14.16-1-e1569011638630-320x215.jpeg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=881 ANÁLISE – Não é realista esperar que o governo Bolsonaro se ajuste à mudança de governo nos Estados Unidos. Sua união a Trump era, afinal, ideológica e sem nenhum pragmatismo. Assim também deve funcionar seu antagonismo a Biden – só que o americano se beneficiará dessa rivalidade de forma pragmática.

Para voltar a figurar como mocinho na agenda internacional do combate às mudanças climáticas, os Estados Unidos devem incentivar o restante do mundo a apontar para o Brasil de Bolsonaro como o vilão da história.

A versão contada pelo presidente Bolsonaro deve alimentar a polarização, ajudando o protagonismo americano e trazendo dificuldades para a diplomacia brasileira (que, nos bastidores, ainda busca preservar as relações internacionais). No entanto, o comércio não deve ser atingido, segundo avaliações do governo federal.

De acordo com fontes do alto escalão do governo, não passam de pensamentos desejosos as expectativas de demissões de Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Salles (Meio Ambiente).

Eles têm a confiança do presidente, apesar dos desgastes gerados nas relações com importantes parceiros comerciais, como a China, a União Europeia (que protela uma decisão sobre o acordo comercial com o Mercosul por conta da política ambiental brasileira) e com o sistema multilateral da ONU, especialmente nas negociações sobre clima e biodiversidade, nas quais o Brasil já tem figurado como pária.

A era Biden é vista com otimismo no Ministério da Agricultura, que conta com a separação entre as relações comerciais e o discurso ambientalista, já que o novo presidente americano tem anunciado sua prioridade às relações multilaterais.

O blog teve acesso a mensagens trocadas entre pessoas ligadas à administração da pasta. Uma delas diz que, o multilateralismo nos beneficia, pois no âmbito da OMC [Organização Mundial do Comércio] não estão previstas sanções comerciais por questões ambientais.

As regras já definidas pelos sistemas multilaterais trazem mais previsibilidade para as negociações brasileiras em comparação com acordos bilaterais com gigantes como Estados Unidos e China. O Itamaraty também estaria trabalhando para evitar que a OMC adote condicionantes ambientais para o comércio global.

A avaliação é confirmada por diplomatas brasileiros ouvidos pelo blog. Eles entendem que os Estados Unidos não se interessam por políticas que boicotem commodities associadas a desmatamento – uma ameaça crescente dos europeus sobre o Brasil, diante da aceleração do desmate na Amazônia e no Cerrado.

A aposta do governo brasileiro é que Biden só reforce a postura da União Europeia no nível do discurso. Mas isso não significa que o país não será impactado. Pelo contrário: as palavras também importam e devem empurrar o Brasil para um isolamento político ainda mais acentuado.

De acordo com diplomatas que negociam acordos ambientais, apontar o Brasil como vilão será uma estratégia de Biden para recuperar sua credibilidade internacional, colocada em xeque na agenda climática por antecessores republicanos: os ex-presidentes Trump, que abandonou o Acordo de Paris e George Bush, que se opôs ao acordo anterior, o Protocolo de Kyoto.

Diante da desconfiança sobre a oscilação do protagonismo americano no combate ao aquecimento global, líderes internacionais aguardam sinais de consolidação do comprometimento anunciado por Biden.

Para além do retorno imediato ao Acordo de Paris, anunciado logo antes da sua posse, os sinais políticos devem ser confirmados com políticas domésticas, como a regulação de incentivos a setores menos poluentes e ainda a aprovação de leis que assegurem uma trajetória de queda de emissões até 2030.

Enquanto não mostra sua lição de casa, poder apontar a postura do Brasil como pária internacional funcionará para Biden como um trunfo.

Além de derrubar a força política das posições brasileiras em negociações internacionais, negociadores de diversos países desejam também rever a regra dos sistemas de tomada de decisão da ONU que exigem consenso entre todos os países. Isso porque o Brasil conseguiu, a partir da sua postura isolada, bloquear avanços em negociações que contavam com a aprovação formal de todos os outros países.

Os bloqueios do Brasil levaram a uma frustração generalizada e também a uma expectativa de que a chegada de John Kerry, que foi secretário de Estado de Obama e será o enviado especial para o clima no governo Biden, possa influenciar a criação de um sistema de negociação que não fique refém de uma resistência isolada.

A força da articulação política de Kerry também aponta para a possibilidade de uma tríplice aliança entre Estados Unidos, União Europeia e China, que buscam protagonismo na agenda climática e também respondem pela maior parte das emissões globais de gases causadores do aquecimento global. São também os maiores importadores do Brasil.
O efeito de Bolsonaro para a agenda climática é hoje comparável ao de Trump, que, ao anunciar sua saída do Acordo de Paris, provocou a Europa a China a assumir o protagonismo da pauta, fortalecendo-a.

A postura negacionista e antiglobalista do Brasil agora fortalece os ‘inimigos’ aos quais o projeto de Bolsonaro declarou guerra. A pauta das mudanças climáticas nunca havia sido tão importante como é agora para as relações internacionais, para o comércio global e para um presidente americano.

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Salles omite inventário de emissões de gases-estufa e quer alterar dados do agro https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/10/22/salles-omite-inventario-de-emissoes-de-gases-estufa-e-quer-alterar-dados-do-agro/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/10/22/salles-omite-inventario-de-emissoes-de-gases-estufa-e-quer-alterar-dados-do-agro/#respond Thu, 22 Oct 2020 21:47:23 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/salles-150x150.jpg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=849 O 4º inventário de emissões de gases-estufa do Brasil está pronto e o país tem a obrigação de apresentá-lo à ONU até dezembro.

No entanto, em reunião do Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), nessa quarta-feira (21), o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) omitiu a apresentação do documento e propôs adiar seu envio à ONU. A Folha apurou que o tempo ganho deve ser usado para alterar dados do setor agropecuário.

O atraso proposto por Salles implica em descumprimento do compromisso assumido pelo país na Convenção de Mudanças Climáticas da ONU – criada no Brasil em 1992.

Os países-membro da Convenção devem reportar a atualização das emissões de gases-estufa geradas ou removidas da atmosfera a cada quatro anos, o que permite à comunidade internacional calcular as projeções sobre o aquecimento global.

Os nove ministérios que compõem o comitê devem validar o inventário antes do reporte à ONU, mas Salles sinalizou que deve privá-los do documento, dizendo que “a data de divulgação será informada pela secretaria-executiva do comitê” – cargo ocupado por ele.

Apoiada por Braga Netto (Casa Civil), a fala de Salles teria incomodado Paulo Guedes (Economia) e Tereza Cristina (Agricultura), segundo fontes do governo.

A reunião foi iniciada apenas com ministros na sala. Salles teria barrado a entrada de assessores técnicos e até mesmo de Julio Semeghini, secretário-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), que deixou o cargo no mesmo dia. Segundo o decreto de criação do comitê, os secretário-executivos podem representar os ministros nas reuniões.

O MCTI é responsável pela elaboração do inventário, que contou com financiamento de US$ 7,5 milhões (R$ 41,2 milhões) do Green Environmental Facility (GEF) e implementação do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD).

O 4º inventário revisa os cálculos das emissões de gases-estufa desde 1990 e inclui novos dados de 2011 a 2016 – o período acrescentado é de estabilização das emissões brasileiras. O que incomoda Salles, no entanto, é a atribuição de emissões ao setor agropecuário.

Segundo fontes de três ministérios, Salles propõe passar emissões da agropecuária para outra categoria, chamada de mudança do uso do solo e florestas, onde já se contabiliza as emissões por desmatamento.

Ainda na proposta do ministro, atividades que contribuem para retirar carbono da atmosfera – como a recuperação de pastagens degradadas – deixariam de ser contabilizadas como mudança do uso do solo, passando a contar como pontos positivos para o setor agropecuário.

A manobra não altera a conta final sobre a contribuição do país para as emissões globais, buscando apenas melhorar os resultados do setor agropecuário.

A trama foi descrita por especialistas como “infantil” e “tempestade em copo d’água”, já que os dois setores são vistos pela comunidade internacional como uma mesma fonte de emissões.

Os números do setor também foram alterados por um outro artifício, usado em outro relatório: a atualização bienal das emissões (2018-2019), cujo reporte à ONU também é obrigatório desde 2014.

Sob responsabilidade do Itamaraty, o relatório de atualização bienal (BUR, na sigla em inglês), foi elaborado com base em diretrizes de 1996. Mas desde 2006 o IPCC (painel científico da ONU sobre mudanças climáticas) usa um padrão mais rigoroso.

O novo padrão considera fontes de emissões da agropecuária que antes não era contabilizadas – como resíduos de pastagens reformadas e do processamento de cana-de-açúcar – e também aperfeiçoa a contabilidade das emissões geradas por diferentes tipos de rebanhos – cujas emissões são maiores do que se imaginava pelo padrão anterior.

A mudança de método gera um salto de 20% nas emissões do setor agropecuário, segundo Ciniro Costa Junior, engenheiro da equipe de clima e cadeias agropecuárias do Imaflora e um dos autores do Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases-Estufa). O Seeg acompanha e evolução de método do inventário, atualizando seus dados para anos mais recentes.

O setor agropecuário, que respondia pela emissão anual de cerca de 500 milhões de toneladas de carbono em 2018, segundo o padrão antigo, deve figurar com cerca de 600 milhões de toneladas em 2019, por conta do novo método.

A reunião do comitê conduzido por Salles aprovou o relatório bienal, que usa o padrão ultrapassado, e omitiu o 4º inventário, que foi elaborado segundo o padrão atual.

Segundo especialistas, o uso de padrões diferentes em cada relatório gera incoerências que não devem passar despercebidas.

Para eles, além do descumprimento dos compromissos internacionais, a preocupação é também sobre a perda de credibilidade dos documentos brasileiros na comunidade internacional.

Procurado, o ministro Ricardo Salles não retornou ao contato da reportagem.

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Emissões de carbono no mundo caíram 17% durante pico do confinamento https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/05/19/emissoes-de-carbono-no-mundo-cairam-17-durante-pico-do-confinamento/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/05/19/emissoes-de-carbono-no-mundo-cairam-17-durante-pico-do-confinamento/#respond Tue, 19 May 2020 15:34:43 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/15849060515e77bf43e779f_1584906051_3x2_md.jpg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=696 A queda nas emissões de carbono e outros gases de efeito-estufa, que aumentam o aquecimento global, foi de 17% na primeira semana de abril, quando as regiões do mundo responsáveis por 89% das emissões globais de CO2 estavam sob algum nível de confinamento.

A conclusão é de um estudo da Universidade de East Anglia (Inglaterra) publicado nesta terça (18) na revista científica Nature Climate Change.

A pesquisa estimou as mudanças nas emissões diárias de carbono e gases-estufa entre janeiro e abril, conforme os níveis de confinamento da população, para seis setores econômicos: residencial, geração de energia, transporte de superfície, indústria, prédios públicos e comércio e aviação.

A maior queda vem do setor de transporte de superfície (principalmente por veículos automotores), que reduziu suas emissões em 43%. O setor é responsável por 20% das emissões globais.

As emissões somadas dos setores de energia e indústria também resultam em uma queda de 43% das emissões. No mundo, a geração de energia responde por 44,3% das emissões de gases causadores do aquecimento global, enquanto o setor industrial é responsável por 22,4% das emissões.

A aviação é o setor mais impactado pelo confinamento, com redução de 70% nas emissões. No entanto, sua parcela de responsabilidade é de apenas 3% das emissões globais. Por isso, o setor corresponde a 10% da redução nas emissões globais durante a pandemia.

O setor residencial, que responde por 5% das emissões globais, foi o único com alta de emissões no período: 5.6%, devido ao aumento do consumo de energia nas residências durante o confinamento.

O estudo estima que o confinamento pode representar uma redução de 4% nas emissões globais de carbono em 2020 caso as medidas de isolamento durem até a metade de junho.

Se algumas restrições persistirem até o final de 2020, a redução nas emissões pode chegar até 7% para este ano – uma taxa, que, se for mantida anualmente, levaria o mundo a cumprir as metas do Acordo de Paris.

Em um cenário intermediário, caso as emissões retornem para os cenários pré-pandemia na segunda metade do ano, o estudo projeta ainda uma redução de 5% nas emissões de carbono em 2020. A gama completa de projeções para 2020, incluindo incertezas, é de uma redução de 2% a 13%.

De acordo com o relatório do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) sobre o orçamento de emissões globais, o Emissions Gap Report, o mundo deve reduzir ao menos 2,7% das emissões de gases-estufa a cada ano para garantir um teto de 2ºC no aquecimento global, ou então reduzir 7,6% ao ano para garantir um aquecimento inferior a 1,5ºC – limite para se prevenir o desaparecimento de países-ilhas.

Os autores do estudo lembram que a crise econômica global de 2008 levou a uma redução de 1,5% nas emissões em 2009 seguida de uma recuperação econômica que fez as emissões subirem em 5,1% em 2010.

Para que a queda temporária nas emissões seja refletida em mudanças estruturais, os pesquisadores recomendam que os formuladores de políticas públicas considerem estratégias de baixo carbono para a recuperação econômica.

O setor dos transportes, que teve a maior queda nas emissões durante a pandemia, também pode alavancar uma recuperação econômica de baixo carbono.

Entre as recomendações dos autores, estão um planejamento urbano que privilegie a mobilidade e dê mais espaço para pedestres e bicicletas; a priorização de fontes de energia limpas e veículos elétricos; e ainda algumas medidas testadas durante o confinamento, como o incentivo ao ‘home office’ e a substituição de viagens de negócios por teleconferências.

Para estimar as emissões durante a pandemia, o estudo analisou as políticas governamentais de confinamento em 69 países que representam juntos 97% das emissões globais de CO2.

As políticas foram divididas em três níveis de restrição: o primeiro apenas evita aglomerações e viagens de longas distâncias; o segundo restringe uma cidade ou região inteira, atingindo pelo menos metade da população; e o terceiro faz o chamado ‘lockdown’, o fechamento total de uma região, mantendo apenas atividades essenciais.

A partir das políticas de confinamento, os pesquisadores compararam a diminuição das atividades de seis setores econômicos com dados-padrão de mobilidade e congestionamento, uso de eletricidade e produção industrial dos países, estimando a queda das emissões decorrentes da diminuição do movimento nesses setores.

No caso brasileiro, o estudo aponta uma queda de 25,2% nas emissões de carbono devido às reduções nos setores econômicos ligados às cidades.

Entretanto, a maior fonte de emissões de gases-estufa no Brasil vem principalmente do desmatamento, queimadas e da criação de gado. Os setores florestal e agropecuário responderam juntos por 69% das emissões do país em 2018, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima.

O desmatamento na Amazônia tem subido durante a pandemia. Segundo o monitoramento por satélite da ONG Imazon, o desmate em abril foi de 529 km2 – o maior da última década para o mês de abril. Já o sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou alta de 55% entre janeiro e abril em relação ao início do ano passado.

Com isso, a previsão é que a temporada de seca na Amazônia, entre maio e setembro, tenha mais queimadas que o ano passado, aumentando também as emissões brasileiras em 2020.

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Degradação, e não desmatamento, retira carbono de áreas protegidas na Amazônia https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/01/27/degradacao-e-nao-desmatamento-retira-carbono-de-areas-protegidas-na-amazonia/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/01/27/degradacao-e-nao-desmatamento-retira-carbono-de-areas-protegidas-na-amazonia/#respond Mon, 27 Jan 2020 20:54:12 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/Nv6WNADC-320x215.jpeg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=606 A degradação – e não o desmatamento – é a maior responsável pelas emissões de carbono de terras indígenas e áreas protegidas de sete países amazônicos, segundo artigo publicado nesta segunda (27) na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Mais de 75% das perdas de estoques de carbono em áreas protegidas e terras indígenas da Amazônia foram causados por degradação, ou seja, a retirada seletiva de algumas espécies de árvores.

Menos visível que o desmatamento – que retira a cobertura vegetal, abrindo clareiras – a degradação torna regiões de floresta mais vulneráveis a queimadas e distúrbios naturais, além de diminuir a densidade de carbono florestal.

Entre 2003 e 2016, terras indígenas e áreas protegidas armazenaram 58% do carbono acima do solo (que fica principalmente no tronco das árvores) da Amazônia. Ainda assim, as mesmas áreas foram responsáveis por 10% da variação líquida negativa de carbono. O lançamento de carbono na atmosfera é a principal causa do aquecimento global.

A pesquisa foi conduzida por entidades de seis países amazônicos (Bolívia, Brasil,Colômbia, Equador, Peru e Venezuela) reunidas na Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG), juntamente ao centro de pesquisa Woods Hole Research Institute e ao Environmental Defense Fund (EDF), localizados nos Estados Unidos, e ainda à Coica (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia) e ao Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).

Por conta das perdas levemente superiores aos ganhos nos estoques de carbono, o estudo dá um lembrete: “nem todas as áreas classificadas como ‘floresta’ são necessariamente repositórios de carbono sólidos ou eficazes”.

“A gente sempre imagina que o desmatamento é a grande causa da perda de carbono, mas nas áreas protegidas a degradação é maior que o desmatamento. Embora a proporção seja menor [do que as emissões de carbono em outras áreas da Amazônia], a gente precisa pensar em políticas sobre degradação”, diz Cícero Augusto, pesquisador do Instituto Socioambiental (ISA) e co-autor do estudo.

Augusto aponta que o acesso para a degradação acontece nas bordas das áreas protegidas e terras indígenas.

“A extração ilegal de recursos, as estiagens provocadas pelo clima e as queimadas provavelmente desempenham um papel de grande proporção [para a degradação]”, registra o artigo.

Ainda assim, a proporção das emissões de carbono é muito menor nas áreas protegidas e terras indígenas – 89% das emissões na Amazônia brasileira aconteceram fora dessas áreas até 2016.

O Brasil foi responsável por 72% das perdas de carbono na região amazônica entre 2003 e 2016, mas a conservação da floresta no conjunto dos países conseguiu compensar 60% dessas emissões.

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Ondas de calor na Europa tiveram influência humana, diz estudo https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2019/08/02/ondas-de-calor-na-europa-tiveram-influencia-humana-diz-estudo/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2019/08/02/ondas-de-calor-na-europa-tiveram-influencia-humana-diz-estudo/#respond Fri, 02 Aug 2019 14:12:11 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/europe-320x215.png https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=345 As mudanças climáticas causadas por atividades humanas tiveram papel definitivo nos recordes de temperaturas máximas atingidas em vários países da Europa no final de julho.

Os recordes nacionais de calor quebrados na Bélgica, Alemanha, Holanda e Reino Unido foram de 1,5 a 3 ºC mais intensos e de cinco a cem vezes mais prováveis de ocorrer por conta do fenômeno do aquecimento global, causado pela emissão de gases-estufa.

A conclusão é de um estudo do grupo World Weather Attribution, que reúne cientistas de instituições como o instituto de meteorologia da Holanda e a universidade de Oxford, da Inglaterra, a partir de dados de estações meteorológicas e estimativas calculadas com oito modelos matemáticos.

Em todos os países analisados, as temperaturas máximas atingidas durantes as ondas de calor seriam entre 1,5 a 3ºC mais baixas caso não houvesse o fenômeno do aquecimento global. Na Bélgica e na Holanda, os termômetros passaram dos 40ºC pela primeira vez.

Já a probabilidade de ocorrência, que varia conforme a região e o modelo climático utilizado, foi de cinco até cem vezes maior por conta do aquecimento global. Na França, os recordes de temperatura foram até cem vezes mais prováveis. O período de retorno das ondas de calor na região é de mais de mil anos, em condições normais.

Já no Reino Unido, as ondas de calor são menos raras. No clima atual, elas têm voltado a ocorrer aproximadamente a cada dez anos. Em um clima sem a influência do aquecimento global, a estimativa do período de retorno varia de 50 a 100 anos. O evento extremo passou a ser de cinco a dez vezes mais provável no país.

“A onda de calor do final de julho de 2019 foi tão extrema na Europa ocidental que as magnitudes observadas seriam extremamente improváveis sem a mudança climática induzida pelo homem”, conclui o estudo.

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Julho de 2019 é o mais quente da história https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2019/08/02/julho-de-2019-e-o-mais-quente-da-historia/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2019/08/02/julho-de-2019-e-o-mais-quente-da-historia/#respond Fri, 02 Aug 2019 11:24:54 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/Nv6WNADC-320x215.jpeg https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=340 As médias globais de temperatura do último mês de julho foram “marginalmente mais altas” do que as de julho de 2016 – o julho mais quente até então.

O aquecimento da temperatura média do planeta em julho foi de aproximadamente 1,2°C em relação aos níveis pré-industriais.

O resultado é muito próximo do limite de 1,5°C estipulado pelo IPCC/ONU (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU) para conter os cenários mais desastrosos das mudanças climáticas, como a submersão dos países-ilha.

O mês anterior também já havia batido o recorde global; foi o junho mais quente da História.

Até agora, todos os meses de 2019 estão entre os quatro mais quentes para o mês em questão. Além disso, os últimos quatro anos (2015 a 2018) foram globalmente os quatro anos mais quentes já registrados.

A avaliação divulgada nesta sexta (2) pela Copernicus Climate Change Service, instituição ligada à União Europeia, trata das temperaturas dos dias 1 a 29 de julho. Na próxima segunda-feira, um relatório completo trará os dois últimos dias do mês.

A medição, feita com dados meteorológicos colhidos em todo o mundo e processados pela agência europeia, é comparada com cinco bases de dados históricos, incluindo bases de universidades, da agência de meteorologia do Japão e da Nasa.

Para o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, o resultado deste julho “é ainda mais significativo, porque o mês mais quente até então, julho de 2016, ocorreu durante um das passagens mais fortes do El Niño de todos os tempos. Não é o caso neste ano”.

Em entrevista à imprensa nesta quinta (1), Guterres reforçou as metas mais ambiciosas indicadas pelo IPCC. “Precisamos cortar 45% das emissões de gases-estufa até 2030; precisamos ser neutros em emissão de carbono até 2050”.

Questionado sobre um possível recado para os Estados Unidos, que podem deixar o Acordo de Paris, Guterres sugeriu que o acordo já não seria suficiente. “É absolutamente essencial não apenas implementar o Acordo de Paris, mas fazê-lo com uma ambição maior”, afirmou.

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China manda indireta para Brasil e EUA em discurso final na Conferência do Clima https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2018/12/15/china-manda-indireta-para-brasil-e-eua-em-discurso-final-na-conferencia-do-clima/ https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2018/12/15/china-manda-indireta-para-brasil-e-eua-em-discurso-final-na-conferencia-do-clima/#respond Sun, 16 Dec 2018 00:09:20 +0000 https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/31391590947_d6152936ce_k-150x150.jpg http://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/?p=52 A conclusão do ‘livro de regras’ do Acordo de Paris durante a COP-24 “mostra o sucesso do multilateralismo, ao combinar os interesses nacionais e internacionais”, afirmou Xie Zhenhua, negociador-chefe da China nas COPs do Clima. A afirmação foi feita na plenária de encerramento da conferência, na noite deste sábado (15), em Katowice, na Polônia.

A ascensão de governos nacionalistas e de ultradireita era uma das preocupações dos negociadores no início da COP-24, há duas semanas.

Além de já não contar com o engajamento dos Estados Unidos desde a eleição de Trump, a conferência começou neste ano com a incerteza sobre a manutenção do compromisso brasileiro. O país havia comunicado no início do mês sua desistência de sediar a próxima edição da COP, por pedido do presidente eleito Jair Bolsonaro.

Trump e Bolsonaro têm criticado o sistema multilateral da ONU e privilegiam discursos nacionalistas, invocando a soberania nacional para justificar seus anúncios de saída do Acordo de Paris.

Trump chegou a dizer que as mudanças climáticas seriam uma invenção da China para tornar os Estados Unidos – maior emissor histórico de gases-estufa – menos competitivo. Bolsonaro tem seguido o discurso do americano e os dois presidentes têm proposto revisões nas relações comerciais com a China.

Embora a COP-24 tenha cumprido seu objetivo de regulamentar Paris, os discursos de encerramento mostraram frustração com a falta de ambição para fortalecer as metas nacionalmente determinadas para o acordo climático.

Com consenso sobre a urgência das mudanças climáticas, havia a expectativa de que os países poderiam anunciar um adiantamento na revisão das suas metas, com objetivos mais ambiciosos já em 2020 – quando o Acordo de Paris começa a ser implementado. No entanto, o prazo continuou o mesmo acordado na França: 2023.

As metas atuais levam o aquecimento global a um cenário de 3°C até o final do século. O novo relatório do IPCC, órgão científico da ONU, recomendava que o pico das emissões globais de gases-estufa acontecesse em 2020, como condição para limitar o aquecimento em 1,5°C e, assim, evitar a submersão dos países-ilhas. O mundo já aqueceu 1,1°C até hoje em relação aos níveis pré-industriais.

Representando organizações da sociedade civil nos discursos finais da conferência, o jovem Amalen Sathananthar, da The Artivist Network, disse que “ninguém esperava que a COP-24 salvasse o mundo, mas nós esperávamos mais. E nós merecíamos mais”.

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