Com Greta, jovens fazem queixa formal à Unicef contra inação de governos
NOVA YORK A ativista sueca Greta Thunberg, 16, e mais quinze jovens com idades entre 8 e 17 anos entraram com uma queixa formal na Unicef nesta segunda (23) contra os países signatários da Convenção dos Direitos da Criança, assinada em 1989.
Eles argumentam que a falta de ação dos governos para conter a crise climática ameaça diretamente os direitos das crianças. Portanto, os países não estariam cumprindo o que prometeram na convenção.
“Parece que os governos esqueceram seus compromissos. O tratado diz que os países devem respeitar e proteger o direito de toda criança à vida, à saúde, à cultura e ao bem-estar econômico. Eles não estão fazendo isso”, disse Alexandria Villaseñor, 14, jovem americana que lidera o movimento Fridays for Future (sextas pelo futuro) no país.
No entanto, os Estados Unidos é o único país que ainda não ratificou o tratado, embora também seja signatário. Todas as outras 195 nações-membro da ONU transformaram o compromisso em leis nacionais.
A brasileira Catarina Lorenzo, 12, incluía o grupo de jovens. Ela denunciou que sua cidade, Salvador (BA), joga o esgoto no mar e com isso contamina a água, deixando doentes as crianças que nadam ou surfam ali.
“Estamos aqui para salvar nosso futuro”, afirmou Catarina. Os outros jovens que assinam a petição são da Argentina, França, Alemanha, Índia, Ilhas Marshall, Nigéria, Palau, África do Sul e Tunísia.
A Convenção dos Direitos da Criança permite que as próprias crianças, ou adultos que as representem, dêem entrada a queixas contra países que tenham ratificado o tratado. Os processos são recebidos por um comitê de especialistas, que poderá lançar investigação contra violações graves ou sistemáticas.
Ainda na manhã desta segunda-feira, Greta fez um discurso carregado de emoção na abertura da Cúpula do Clima da ONU.
“Isso está tudo errado. Eu deveria estar na escola estudando. Mas vocês procuram os jovens para ter esperança? Como vocês ousam?”, afirmou Greta a uma plateia de chefes de Estado.
*A jornalista viajou a convite da Anistia Internacional e do Instituto Clima e Sociedade (ICS).