Contra desmate, MCDonald’s, Nestlé e 21 gigantes apoiam lei mais dura no Reino Unido
Os principais fabricantes de alimentos, produtores de carne e redes de supermercados do Reino Unido enviaram uma carta ao governo britânico pedindo medidas mais rigorosas do governo para evitar o desmatamento associado às importações de commodities.
A carta é assinada por um grupo de 23 gigantes das cadeias de suprimentos do Reino Unido – que inclui onze grandes redes de supermercados, marcas como Nestlé e Mondelez e restaurantes como McDonald’s, Moy Park e Pilgrim’s Pride – que, respectivamente, estão entre os maiores produtores de carne de frango e de porco do país.
O documento foi enviado nesta segunda-feira (5), quando o governo encerra a consulta popular sobre a criação de uma legislação para obrigar as empresas do país a garantir que suas cadeias de fornecimento de commodities estejam livres de desmatamento, sob pena de multa.
Carne bovina, soja em grão e óleo de soja – três das dez commodities que o Brasil mais exportou para o Reino Unido no último ano – estão na lista de produtos com risco de desmatamento que devem ser considerados pela proposta de lei. Ela também mira nos fornecedores de cacau, couro, borracha e óleo de palma.
Na carta, as empresas pedem que a nova lei adote medidas ainda mais rigorosas do que as sugeridas na consulta popular. Elas sugerem, por exemplo, o combate a qualquer forma de desmatamento e não apenas do que for ilegal.
A justificativa dirige a desconfiança aos governos dos países produtores, que “podem ter discrição para decidir o que é legal, mecanismos de fiscalização inadequados, e os registros locais de títulos de propriedade e limpeza podem não ser confiáveis ou ausentes”.
As empresas também reclamam da falta de transparência e sugere que a nova lei obrigue fornecedores e importadores que comercializam com o Reino Unido a divulgar as informações da suas cadeias, superando barreiras como cláusulas de confidencialidade, segredos comerciais e leis locais que limitam usos de mapas.
A carta ainda pede que a aplicação da lei não seja guiada pelo tamanho das empresas, mas pelo volume de commodities comercializada por elas, com medidas que viabilizem a adequação para fazendeiros de menor porte, para que eles não sejam empurrados para cadeias menos responsáveis.
O documento ainda pede que a lei incentive o bom comportamento, em vez de se limitar a evitar as áreas problemáticas.
Um estudo da iniciativa Trase publicado em julho mostrou um descompasso entre as regiões brasileiras com maior volume de exportação de commodities e aquelas com maior risco de desmatamento.
Segundo o estudo, a região do Matopiba (fronteiras entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) respondeu por 61% do risco de desmatamento nas importações de soja dos europeus em 2018, mas forneceu apenas 7% da soja que chegou à União Europeia naquele ano.
Abaixo, a lista completa de empresas que assinam a carta.
VAREJISTAS
Lidl
Aldi
Asda
Marks & Spencer
Iceland
J Sainsbury plc
Ocado
Tesco plc
The Co-op
Waitrose & Partners
Wm Morrison Supermarkets Plc
MARCAS
Nestlé
Mondelez
RESTAURANTES
McDonald’s
Nandos
Sustainable Restaurant Association
Livestock producers
Eight Fifty Food Group (Young’s, Karro)
Moy Park
Pilgrim’s Pride
Cranswick
Young’s Seafood
Manufacturers
Greencore